quarta-feira, 18 de março de 2015

RATOEIRA
Seh M. Pereira
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Nosso
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amor
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é do tamanho
de um elefante..! Nosso
amor
é
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parelho - no sentido figurado.. Marca
atalhos inesperados.. Tem
medo de
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ratificação..! Nosso
amor
é uma pata de elefante, que por onde passa
fode tudo; mas todas as
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formas
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de amor me interessam;
todas.. O amor
é uma
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ratoeira
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que tem medo..
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segunda-feira, 16 de março de 2015

PUTATIVA
Seh M. Pereira
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Bela,
bivitelina de bélica.. Paz
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casta!..
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No avesso do
avesso
do avesso.. Feia pudenda!..
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Desvirginada
a guerra e
o hímen
da bela
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permanece.. No avesso do
avesso
do avesso..
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Paz pudica..! Feia,
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isenta
de
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todas as restrições!.. No exercício do
direito.. Bela,
sob condições de
controle
de conduta!..
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No avesso do
avesso
do avesso..
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Bela,
bivitelina da bélica.. Convento de
paz, e guerra no mundo..
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Na via sacra, prostibulo de
bélica e bela
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putativa..
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sexta-feira, 13 de março de 2015

ENSEJO
Seh M. Pereira
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.. como um poeta revisitando os corações..
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No inquieto das mãos
me escondo..
Na odisséia do duo
eu amadureço!..
No enrosco dos dedos
eu espero..!
Na exceção da regra
me abstraio..
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No defronte do espelho
me revejo..
No decerto do tento
eu aprendo..!
Na recusa do direito
eu argumento!..
No ensejo do inacabado
eu finalizo.
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.. como um poeta revisitando os corações..
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No desconserto do não
eu persisto..!
No silêncio do noturno
me dispo..
No direito do açoite
me perdôo..
No desconforto da rotina
eu fujo!..
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No contraponto da balança
me avalio..
No inverso do ócio
me vejo..
No desassossego do cio
me acho..!
No enlaço das pernas
me jogo..
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.. como um poeta revisitando os corações..
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No desprezo do zero
eu recomeço.
No contradizer do juízo
eu brigo..
No encalço do infinito
me busco..!
No insano dos lençóis
me encontro..
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No inquieto do deleite
me perco..
No efêmero do agora
me inspiro..!
No ensejo do reencontro
me permito.
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.. no mais,
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até mesmo da mesmice, sempre vem a
novidade; como um
pintor salpicando tinta na tela..
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No repente das paixões,
me tento..!
No desarranjo das canções,
me ouço..
No embaraço da cena,
eu improviso.
No contratempo do tom,
eu canto..
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Na disritmia do coração
me proponho..
No ensejo do reencontro
me permito..!
Na intempérie do tempo
eu cresço.
No descompasso da dança
me arrisco..!
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No acaso do amor
me entrego!..
No inerte do diurno
me renego..!
No contento do riso
me visito!..
No avesso dos ponteiros
me dito..
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terça-feira, 10 de março de 2015

SAMBENITO
Seh M. Pereira
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Não despida de um chão-passarinheiro, nos
interrogatórios dos demônios de si fez-se aliados e manquejo; do sangue que benzia-lhe as
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pernas.. Incendiando igrejas, minha
fiandeira-avó era
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Maria
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entre outras inúmeras
Marias sucessora das não-graças; condenada por suposta prática pagã.. testemunhei seus milagres em batalhas de
corpo aberto, e ferrugem.. acabei por reacender seu
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nome bordado de beata por agulhas internas, incendiando-me..
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Do relógio-calendário;
iniciou-se as negociações antecipadamente, fio a
fio,
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para chegar-se
até uma justa figura, ou o desaperto dos
ponteiros que continuam dando-lhe giros.. Minha
fiandeira-avó era uma santa sem as
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regalias realizadas de um tempo-aluguel.. Entregou-se ao seu carrasco em um auto-de-fé..
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Do nato de data interrogativa de um quarto-gestante, e prazo; contrações externas.. Minha Maria foi uma pagã
canonizada
sem ordem de despejo, filha de uma humanidade ruim das
pernas.. Das não-graças, era
mais uma em meio à outras inúmeras; tecia fio a
fio o tempo, e
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nas vagas do seu tempo-aluguel vendia
pedras.. Negociava
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prazos, em
espelho-falado, e atravessa-me em
gritos sem qualquer cobrança de depósito da penhora..
Tentou me despir dessa
desumanidade que se mostra em injusta figura, e
interesses estabelecidos às claras.. Negociava tréguas não-gratuitas com
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os demônios de
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si, no corte
das arestas do seu sinal da cruz; uma
descriadora do mundo quando despida do enrosco dos dedos..
Com minha maria aprendi
as técnicas dos alicerces não esquivar-me dos
apedrejos.. com minha Maria aprendi a colher as pedras e batizá-las cada qual
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com
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nome de santo, e outros momentos unitivos.. Depositava perna-de-pau como ex-voto para uma humanidade
ruim
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das pernas.. De minha Maria não-cheia-de-graça herdei a
devoção de um quarto-gestante de milagres.. Do sangue que lhe benzia
no meio das pernas,
pólvora.. Das lutas glórias em
prostibulo votivo em desacordos com
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aliados..
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Abro as gaiolas,
e agora atravesso os territórios defendidos pelos
demônios de si feito Maria minha fiandeira.. Cumpro as ordens
restritas em confidências do auto-da-fé, devoto das não-graças; rezando ao
seu santo de casa e aos de
outras
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confissões..
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Por diversos, escuto sua voz-surda em
confidências com as paredes do quarto-gestante; vestida de interrogatório aos
pés de outros incêndios; por motivo de honra reabilitada.. Uma
santa que pariu essa
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humanidade
manca; minha avó, queimada viva, morreu virgem de
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milagres..
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