sexta-feira, 10 de abril de 2015

NOVELO
Seh M. Pereira
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.. um sino de
cabeça
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para baixo.. um
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quadrúpede da perna-de-pau num
tempo-aluguel como se trocasse confidências com o
mudo-raso
de
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suas
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crenças; de sede em
sede, um
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balde vazio; agora
quase
vazio.. uma estátua desancora
as nuvens.. fio a
fio
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do
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relógio-calendário, e certidões de idade me
põe
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feito um casulo; um
sino
com a cabeça
para baixo, meio vazio.. agora
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quase ao meio; gota a gota.. borboletas ao corte dos cordões
umbilicais.. um pingo não
enche o balde, mas
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inicia o cortejo.. um perna-de-pau
acompanha o
gotejo como quem
cai
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do céu; badaladas
da sede.. um
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quadrúpede, e meu andar
náufrago.. um
tempo-aluguel como se trocasse confidências com o
mudo-raso
de nossas crenças; de sede em sede,
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um
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balde ao meio; agora
quase
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ao cheio, e um
manco
como já tivesse gasto quatro das
vidas, e agora só restassem
a partir da antepenúltima.. uma estátua no
enrosco os dedos.. casulo quando quer se perder cria asas.. o
fio a
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fio
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dos ponteiros; o
ruído do
eixo corroído pela ferrugem a lhe
pedir licença; dedos
em figa.. um
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quadrúpede
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mais recém chegado ao
centro de minha vida, que de sua antepenúltima
vida; do que consta sua certidão de idade; meio-vazio é melhor
que vazio, o
gotejo que semideus dá
parece pouco mas pode me torna
novamente
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nato.. peço
desculpas pelos manquejos; quem manca deve
acorda mais cedo, e
dar início ao longe ir.. se a asa é
torta, o voo pode ser reto.. ao
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desancorar
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nuvens; contrações sanguíneas, e novelo..
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sábado, 4 de abril de 2015

APROPRIAÇÃO
Seh M. Pereira
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De coração
em
coração.. Canela fina.
Joelho-vesgo. E os pés inquilinos
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desapropriados dos sapatos..! Não por ordem de
despejo.
Em sinal de respeito.. Peço
licença
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e adentro em corações..
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PASÁRGADA
Seh M. Pereira
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.. asa quebrada na minha frente,
passo
por cima, sem medo
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de bico. Voo sem pedir esmola..! Ame
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ou
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apedreje-me.. Sou
passarinho
que come pedra..! Voar pra não
chegar..? Esquece..!
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Só quero minha rota de fuga livre..
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IN_CONSCIENTE
Seh M. Pereira
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Dependendo do momento tenho fé..! Acredita em
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anjos..? Vi um.. Apareceu
em
meio às minhas
perturbações; com asas enormes.. Parecia real, superficial ou mera
coincidência..? Convidou a descer, do
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muro,
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a metade que pendia para o outro lado..

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CANDEEIRO
Seh M. Pereira
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.. tropecei na minha
própria
sombra, mas
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não caí.. Sorri, e acendi os vaga-lumes..
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CADAFALSO
Seh M. Pereira
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Da
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janela
que me olham;
vaga-lumes
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suicidas agonizam o antepenúltimo delírio..
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ARMADURA
Seh M. Pereira
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.. eu
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e essa minha queda por você, que
não passa.. Mas se passar;
meu coração vai
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pra cidade do pé junto..
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SOÇOBRA
Seh M. Pereira
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Isqueirando-me.. Faz
acontecer..! Desencadeia o estopim
para as
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bobagens do
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coração. Manda o papo
ou novos
velhos fatos.. Queria entender o amor..
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Isqueirando-me..!
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Acende o pavio e espera acontecer!.. É o fim do se..! Quero
mais
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incêndios..
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MENINO-SENHOR-AMARELO
Seh M. Pereira
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Menino-senhor-amarelo,
da lira
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que de propósito não se perde!.. Do
parto – não do
infinitivo do verbo partir.
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Poético..! Menino-senhor-amarelo, da casa amarela..!
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Não partindo  - do
gerúndio do
verbo
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partir. Não partido – do particípio do verbo partir.
Da lira; que não se rasga!..
É quebrar a
casca do ovo e
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nascer de olhos abertos..! A benção..
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DES_CAMINHO
Seh M. Pereira
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Perdi
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minha certidão de
idade; agora
conto
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os anos,
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na gastura dos sapatos..!
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MARGEM
Seh M. Pereira
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.. o amor
é
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uma mercadoria, se tombar o
caminhão
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a gente vende barato..
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HELIANTO
Seh M. Pereira
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Estendi
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minha lágrima para quarar; agora,
dou
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tempo ao tempo..
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INADIMPLENTE
Seh M. Pereira
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.. amarro, quedas ou me permito..Tendo meus pés como
inquilinos,
sapatos correm; quero cruzar a
linha da sua porta
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entreaberta! Cadarços desamarrados. Aluguel
atrasado.. Lonjuras,
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juras, jurados e eu - réu..
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CAÔ
Seh M. Pereira
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.. troco confidências com meu
outro eu, com
o meu eu e todos os
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outros;
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mas as paredes têm ouvidos..
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ESCAPULÁRIO
Seh M. Pereira
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.. des_costurei seu nome na boca do
sapo..!
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Metade de mim, no inferno;
não adentro o
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céu..
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