terça-feira, 20 de dezembro de 2016

FLAPE
Seh M. Pereira
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das minhas
certidões,

flui o meu
amor por ti.. do meu
amor por ti, flui o envelhecer ao
seu lado..! ao seu lado, eu fluo.. fluo em uma
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cumplicidade
que segue, aceita e me
permanece; e permaneço, aqui,
aceitando seguir ao
seu lado
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até envelhecermos juntos..
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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

CAÇULA
Seh M. Pereira
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os
meus poemas sentem
ciúmes de

mim:
igual a filho, mais velho, que volta
a engatinhar
por causa do caçula.
sentem ciumes de mim; e é

nessas horas que a minha
única certeza é..

e é nessas horas que a única certeza
de minha poesia é
que..
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é pelos olhos do poema, que
acabou de nascer,
que se sabe qual é o verme que ele
carrega..
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

PRECE
Seh M. Pereira
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e se essa rua fosse minha..?

o poema, com a roupa suja, passou por mim.
é um viaduto que se cala em respeito ao seu morador que reza no barraco.

barracos.
barracos. e barracos.
e barracos.

barracos. e barracos equilibrados em um alicerce.
a prece. e em situação de rua se entregou ao sinal de sua devoção, e se foi.

no viaduto.
depositei o respeito, e guardei também a minha prece.

o viaduto, às vezes, para o morador é um arco-íris..

embaixo do viaduto, um outro morador também guarda a sua prece.

o caminhão se cala, em cima.
em cima, o caminhão também se calou em respeito ao poema.
a prece é um poema que almoçou.

o alicerce dos barracos é um poema.
o alicerce desse viaduto, também, é um poema.
o alicerce dos moradores é a rima..

o poema é um alicerce que sustenta muitos barracos e me engana ao fingir que vai cair.


o poema é os moradores desse viaduto; desses barracos.
o poema sou eu, morador em situação da rua que não é minha.
e se essa rua fosse minha..?
eu mandava, eu mandava alguém lhe pagar ao menos um café.

o poema é um alicerce que finge que cede, mas me sustenta.

invejei o outro mendigo que passou por mim agora..
invejei o seu livre, e todas as amarras que me envolviam e me guardaram apertos se desfizeram; em janelas..
solto.
solto.

o poema, com a roupa suja, passou por mim.
eu sou, também, a roupa suja na ida
e isso não te invejo.
correndo com o relógio..

invejo a sua cortesia ao passar por mim e me reverenciar o perto..
logo eu que só reconheci meu perto na ida.
e ida pode ser de

partida,
despedida e ida de idade.
perdi todas as minhas certidões.

logo eu que só reconheci meu perto naquele mendigo, e
o invejei.
logo eu que só agora percebi que sou, às vezes, o fim do arco-iris: de concreto..
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terça-feira, 13 de setembro de 2016

FEBRÍFUGO
Seh M. Pereira
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E o meu
santo

bateu
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com o de sua casa; pediu
licença, e tirou
os

sapatos para entrar..
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quinta-feira, 8 de setembro de 2016









PAREDE
Seh M. Pereira
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disfarçado de utensílio doméstico,
o relógio de minha parede

anda me comendo. e
tomei

tento
pelo cio. tropecei. cai. levantei.
tropecei.
cai.

e levantei. tropecei.
tomei queda pelo tempo.
tomei gozo pela língua. pelos ponteiros.

deleite que não renego. o relógio de minha parede anda me comendo.
amante.

tomei queda pelos giros do tempo que me cai de boca.
minutos. e minutos.
horas.

gozo que não renego, o relógio de minha parede é quem me come.
come.

e come. e me fodo tentando fugir do seu dialeto.
não tomo tento.

as paredes têm ouvido.

tomei queda pela língua.
cio que escorre do meio de minhas pernas.
tomei queda pelos ponteiros que me deixa líquido.
e líquido é o deleite desse meu amante disfarçado agora de utensílio doméstico.

não tomei prumo pelos giros da língua do tempo que me arrasta fundo.
perdo o rumo.

disfarçado de utensílio doméstico, o tempo é o meu amante que mais me fode.
cio que me arrasta.

é minuto, o deleite.
língua que me dita fundo todo o seu dialeto, em mim, é minuto.
gozo que escorre pelo meio de minhas pernas é minuto.
ócio que me carrega nos ponteiros, após o gozo, é horas.

e eu, líquido.

tropecei. caí. levantei.
tropecei.
caí. e levantei.
e tropecei.

e cair.

e em todo os meus minutos.
horas. horas. e horas.

cio que não renego,
e tomo tento; tempo que me come.
encostado na parede.
disfarçado de utensílio doméstico.
tomei gozo de todo seu dialeto,

perdo o prumo.
perdo o rumo. perdo de não encontrar minhas pernas e novamente
tomar queda.

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domingo, 10 de julho de 2016

EUTITI
Seh M. Pereira
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A
 .

Tristeza
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só serve pra dar uma
e

mandar
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embora. Tudo, muito, profissional..! Não tem que
dormir no meu cafofo!.. E não tem bororó,
nem casca de ovo. Porque a Alegria,
na minha vida,
é a dona da pensão: a Nega-Veia!.. O Amor da minha vida.. E ela tem
ciúme do Pretinho, entendeu..?
.
.

Então,
se

a Tristeza for embora hoje;
ó!,
.

amanhã pra mim faz dois dias e vai pela sombra..!Vai
pela sombra!.. Porque
.

não rola amor..!
.
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Não rola a mesma química que tem com a Alegria..! Não sei se
você está me entendendo..? O que eu quero dizer
é que a dona da pensão,
é!,

a dona da pensão: a Nega-Veia..! O
amor da minha vida! E
sem gongar
.

a lisura do Pretinho,
por favor..!
.
.

Por favor..
.

Sei que é errado trair minha patroa..! Sei que é errado.. Mas
aquele que nunca deu uma com a Tristeza,
que atire a primeira
pedra..! Que atire a primeira
.

pedra e..
.
.

E não têm bororó, nem casca de ovo.. E
se

a Tristeza, finalmente, for embora hoje;
ó!,
.

vai pela sombra..! Vai pela sombra, de mala e cuia.. E eu
não quero nem saber quem morreu.. Não quero
nem saber..! Só quero saber de chorar..!
.

Só quero saber

é de chorar..
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quinta-feira, 23 de junho de 2016


COMBURENTE
Seh M. Pereira

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Na
massagem
nos pés

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que

tranquiliza,

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e te
vira do
avesso; fui

.
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as unhas
que

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lamberam suas
coxas,
e te trepidou o
alicerce; a
língua

.
.
que expandiu o
mapa-mundi
de sua

.
vulva; o côncavo

.
.
da árvore
de

.
suas costas, pela

rédea

.
.
dos seu
cabelo

desgrenhado;

.
.
tentando
engolir no
amor

.
.
a paz

.
dos
escândalos; o

.
desemboco
do sim..
.
.
.

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DESAS_SOSSEGO
Seh M. Pereira

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A gastura
dos
sapatos

apropria-me; e
permito

que

.
.
leve-me, até

determinado
ponto - agradeço
a acolhida, e

despeço-me;

.
.
sou um

agora

.
.
no enrosco

dos
dedos
da espera.. Peço

licença

.
para
adentrar
em

corações.. O
ponto
que

mais me

atrai

.
é o de
interrogação. No

regresso,

.
.
reapropria

meus
pés

descalços; e

que o proprietário
me ajude

na volta..

.
.
Deixo
um pouco de
mim, e

se permitir,
levo

.
.
um pouco de ti..

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domingo, 12 de junho de 2016






DÚBIO
Seh M. Pereira
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Ovacionada de
sentidos dúbios.. Refúgio de luas,
girassóis e gira mundo..! Da púrpura. Da esfera
em
.

detrimento de lugar seguro..! Da rosa dos ventos e
lágrimas: maremoto. Expondo o cio
e o deleite..! Na epiderme
da
.
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alma perfumada - aplaudo!..
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PERÍFRASE
Seh M. Pereira
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Adentro no seu mar de saliva
morna, e desvendo

a língua
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de todo seu dialeto..
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domingo, 5 de junho de 2016


PRENHO
Seh M. Pereira
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E desenterrei ao
pé da
árvore, de minha infância, meu velho par de
sapatos.. E
no meu pneu-de-balanço carrego
todos os meus eus, e

este
.

que me veste agora; ou,
aquele que, já não me veste mas ainda me
encontro.. Aperto
.
.

o passo, e os
ponteiros insistem em me dar
voltas.. E desenterrei
ao pé da árvore, de minha infância, os
passos que

deixei
.

pelo caminho; deixo partir aquele que já não me
veste, mas sem perdê-lo de
vista. O eixo, dos ponteiros, que não
segue seu destino em
ser ferrugem.. O
.

nome que carrega em sua
certidão de idade
.
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é que reajo, no gota a gota do tempo..

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terça-feira, 31 de maio de 2016


LIMÍTROFE
Seh M. Pereira
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E dou-me as que me
entram sem pedir licença. E as
reconheço..! A esses demônios me entrego. Dou-me a todos os
demônios que me comem por dentro, e posso
.

chamá-las pelo nome.. Dou-me, também,
quando o meu santo
bate
.
.

com o de sua casa..

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CHUSMA
Seh M. Pereira
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Abro a gira dos
ponteiros, e proponho-me o aperto do passo; de um eixo que não
segue seu destino em ser ferrugem.. Não reajo a
nenhum nome de santo, mas
.
.
rezo aos

de
outras casas..

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quinta-feira, 26 de maio de 2016

QUILOMBOLA
Seh M. Pereira
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Negro que lê..! Vestido de
renda,
bordado a mão, África
mãe. Tecido
.
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rasgado.
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Lutei; mas
a ratazana que roeu a
roupa da rainha e deixou-a seminua
ainda está prenha. Fiandeiro com discurso de capitão
do
.

mato não
completa, áfrica rainha.
.
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E a ratazana que não
perde sua prenha. Agulha em desarranjo, não
completa
quilombola. Negro com discurso de
capitão do mato
descostura. Não completa..!
.
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Dei água a mãe; dei água. Dei água no seu trono de rainha, África.
.

Lutei!.. Bordado a
mão; negro que lê, casa
grande não acolhe. A ratazana e
.
.

suas ninhadas, casa
grande
acolheu. Tecido rasgado; vestido de
renda, África

rainha mãe.
.
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Casa grande senzala que se
planta injustiça pisada por pés pretos
descalços. Discurso de fiandeiro capitão do mato,
não completa, em
senzala que se planta injustiça pisada por pés pretos descalços. Quilombola,
casa grande não acolhe;
.

lutei!..
.
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África chora as
lágrimas de seus filhos paridos
neste navio negreiro.
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Mas reescrevo minha história. Dei água a
mãe; dei água. Dei água no
seu trono de
.

rainha, África.

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terça-feira, 10 de maio de 2016




EM
Seh M. Pereira
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da arrebentação: em
pêlos, e
pelos seus aplausos me
dou..! ensaio de
línguas;

das nossas
.

salivas

em dialeto; nua.. em
pano de

fundo, despida: em
.
.

pêlos, e pelos
nus sentidos. dos
cúmplices. do eu, todo
líquido. ensaio de
línguas. toda arrebentação e

timbre..! em

pêlos,
e me
.

afogo..
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sábado, 6 de fevereiro de 2016

ESTANDARTE DE OURO
Seh M. Pereira
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Aceitei
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ser seu carnavalesco. Comissão de
Frente: todo jogado fora.
Bateria: ao comando do Mestre Tranco e Barrancos. Evolução aos
poucos.. Fantasia latente!.. Todo trabalhado em

luxo,
.

defeito e Alegoria. Eu,
mestre-sala; e você, minha porta-bandeira..! Desfilando aos
aplausos da arquibancada!.. Enredo
perfeito para o
.
.

amor.. Danem-se os jurados! Harmonia pura e
convidativa. Samba-Enredo na
boca do povo. E
.

a nossa
Escola de Samba
não caiu! Vai ficar para a
.
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estória..
.
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